A TOLICE DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA
Claudiane Aquino Roesel
RESUMO
O presente trabalho apresenta, o livro A Tolice da Inteligência Brasileira “ou como o país se deixa manipular pela elite”, escrito pelo autor Jessé de Souza, presidente do IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, professor da Faculdade Federal Flumimense, e presidente do principal Singtenc brasileiro que causou polêmica tanto na esquerda como na direita brasileira.
O qual traça um retrato das sociedades, das diferentes classes sociais do país, chamada radiografia do Brasil moderno.
Esta análise foi feita por meio de uma pesquisa que em síntese alega que as sociedades modernas foram forjadas pelas instituições do Estado burocrático, considerado o vilão de todas as coisas e o mercado capitalista: aquele que pode trazer as respostas.
Esta análise e explanação do livro é importante pois com ela saímos de uma zona de conforto de simplesmente aceitar aquelas ideias que nos são impostas, que aprendemos como sendo a “nossa verdade”, a nossa cultura, mas que na verdade nos foi imposta de maneira indireta, sem que percebêssemos eu que nos leva a ignorância.
Os indivíduos de uma forma geral são inteligentes, porém conforme Jessé vai nos mostrando como somos manipulados em nossas ideias que nos leva a crer como somos classes sociais de tolos para que a “reprodução de privilégios injustos”, o qual pertence aos 1% (um por cento) dos ricos seja eternizada entre nós. Quem define muito bem quem são essa fatia de 1% dos ricos e privilegiados é o autor Piqueti, em seu livro “O Capital.”
Essa elite de endinheirado que representa uma fatia tão pequena constrói ideias que nos são colocadas e ensinadas e não nos deixam enxergar com clareza nosso real lugar no mundo. E essa “verdade” construída, que eles querem e precisam que a sociedade acredite é espalhada pela elite intelectual.
Compreender esta manipulação é fundamental.
A elite intelectual que é submissa à elite do dinheiro construiu uma imagem distorcida do Brasil de modo a disfarçar todo tipo de privilégio injusto.
PALAVRAS-CHAVE: Elite do dinheiro. Elite intelectual. Ralé. Mercado. Estado
ABSTRACT
This paper presents the book The Stupidity of Brazilian intelligence “or as the country gets manipulated by the elite ,” written by Jesse author de Souza , president of IPEA- Institute of Applied Economic Research , professor at the Federal College Flumimense , and president of main Brazilian Singtenc that caused controversy both the left and the Brazilian right.
Which draws a picture of societies, different social classes of the country called radiography of modern Brazil.
This analysis was done through a survey in brief argues that modern societies were forged by the institutions of the bureaucratic state, considered the villain of all things and the capitalist market : the one who can bring the answers.
This analysis and book explanation is important because with it we came out of a comfort zone simply accept those ideas that are imposed on us , we learn to be “our truth” , our culture , but actually imposed on us so indirect without we knew I that leads to ignorance.
Individuals in general are smart, but as Jesse will showing us how we are manipulated in our ideas that leads us to believe as we are social classes of fools for the ” reproduction of unjust privileges, ” which belongs to 1% (one percent) of the rich is eternalized between us. Who defines very well who is this share of 1 % of the wealthy and privileged is Piqueti author, in his book “Capital. ”
This moneyed elite that represents a slice so small building ideas that we are asked and taught and do not let us see clearly our real place in the world. And this “truth” built , that they want and need that society believe is spread by the intellectual elite.
Understanding this manipulation is fundamental.
The intellectual elite that is submissive to elite money built a distorted image of Brazil in order to disguise all sorts of unjust privilege.
KEYWORDS: Elite money. intellectual elite. Rabble. Marketplace. state
INTRODUÇÃO
Radiografia do Brasil Moderno
As sociedades são montadas por ideias e estas ideias acabam sendo naturalizadas. Como são construídos, como tratamos os outros são conceitos que dependem de consensos que são montados por intelectuais. Isso influencia o que o juiz decide, o que o jornalista escreve e legítima interesses privados.
Um dos pontos que Jessé trata em seu livro para entendermos e exemplificar essa influência, essa imposição de conceitos que acabamos por acreditar que são verdadeiros é sobre a herança portuguesa criada por Gilberto Freire.
No fundo Gilberto Freire montou este mito da Herança Portuguesa coma ideia de trazer solidariedade, traz a ideia de que estamos no “mesmo barco”. A estrutura burocrática que é montada no Brasil, segundo os clássicos, como por exemplo a formação da igreja, tem semelhanças com o português (Portugal), o que até certo ponto não se pode negar.
Este mito pega ambiguamente outro lado onde cria-se a tese do personalismo, em que somos o corpo, somos a emoção, os sentimentos, somos “animaizinhos” como nação. A classe inferior é do trabalho manual e a mulher é vista como o sexo. Aqui Jessé classifica e chama não de forma grosseira ou pejorativa, mas conceitua esta classe, da qual faz parte por exemplo, a empregada doméstica como a “ralé”.
Por outro lado e que também exemplifica essas ideias criadas e que nos são impostas e nos leva a acreditarmos e termos como verdades, é o mito americano, em que esse povo é visto como o povo eleito, o que é uma releitura do mito do povo judaico, só que ao invés de termos o mar vermelho, temos o oceano Atlântico. Os EUA são vistos como o paraíso na terra.
Sob esse enfoque é que pode-se dizer que o Brasil é montado como aquele que é movido com afetos, aquele que dá tudo para os amigos e a lei dura para os inimigos, é o “amálgama do homem cordial” de Sérgio Buarque e se torna no estado, o mercado se torna o reino de todas as virtudes.
Não se pode separar estado de mercado (em que se faz a apropriação privada do estado) como a faixa privilegiada instiga a fazer, quando se “demoniza” o estado como tal esta questão fica às sombras, aqui entra no conceito da corrupção que fica definida conjunturalmente.
O que essa elite (1%) diz é que o estado não faz nada a mais do que as empresas podem fazer, eles querem mercantilizar o estado como um todo dizendo que o mercado é o paradigma da eficiência enquanto na verdade ele é desigual. Para eles a regulação é uma forma de proteção dos mais fracos e aqui ela é demonizada. Esta elite privilegiada é uma classe que manda na política na informação, “demoniza” o estado e faz do mercado o máximo, a dramatização dela é manipulação política.
Essa elite que quer “demonizar” o estado, essa elite que influencia a classe de intelectuais que propaga as ideias à classe que é majoritária e ao mesmo tempo ignorante, que é uma “ralé”, é uma elite que quer mandar sem necessariamente ter os votos, essa elite monta uma narrativa que será aceita por todos. Compramos essa ideia de termos herdado de Portugal porque essa ideia tem um intuito político ou seja, essa ideia só ganha à proeminência que tem, só ocupa este lugar central porque se associa a interesses poderosos de uma elite muito pequena que quer mandar, que quer legitimar isso.
E com isso, as sociedades são levadas a acreditar numa verdade construída em que o sentido político conservador não é percebido como tal. Até existe uma relação de proximidade, como a língua, mas os estímulos institucionais, a construção institucional: que tipo de família, que tipo de relação política, que tipo de pai cada um é, não tem nada a ver com Portugal.
No estudo das colônias, na relação de Portugal com a escravidão, no Brasil dos escravos o capelão era funcionário do seu senhor, o que era diferente de Portugal, ou seja, apesar da tese criada por Gilberto Freire, comprova-se que nada tem a ver com Portugal.
Temos aqui então um cenário em que Getulio Vargas soube aproveitar bem: as ambiguidades do moralismo da classe média e isso é definido historicamente. Você tem medo dos debaixo ameaçarem sua posição e pauta o que está fazendo para manipular um interesse oculto dizendo que tem a honestidade.
A classe média que é manipulada pelas ideias da classe dos 1%, dos privilegiados que querem manter seu status externaliza esse mal. Essa classe média é hipócrita, pois explora os mais fracos, que são o que Jessé chama de ralé. Essa classe média é minoritária mas decisiva, e esse um por cento é a fatia que detém a propriedade, o poder político, apesar de deter tudo isso é não é essa classe que exercita o poder.
A classe média por exemplo usa o trabalho da doméstica para fazer suas atividades braçais e lhe sobrar mais tempos para por exemplo os estudos (segundo Jessé a classe média rouba o tempo dela). Assim a classe média monopoliza não o dinheiro mas o conhecimento, o capital cultural e para que esse exista tem que ter tempo livre. Isso garante uma posição para a classe média – a ralé em sua singularidade são tão abandonas que já chegam na escola derrotadas- não tem o estímulo adequado para sobressair.
E desta forma, o que parece ser acontecimentos tão naturais, está escondendo o que não se percebe: a maldade social daqueles que são deixados ao abandono. A maldade social feita com essa classe de “ralés”, que vende o corpo, que vende a força braçal por muito pouco. A sociedade é moldada a continuar aquilo que os pais são, é uma herança familiar.
Aqui está o falho erro de definirmos as classes pela renda, o filho do pedreiro por exemplo brinca com a pá e a massa, ou seja não estimula o intelecto. Ele naturalmente será o que seu pai é.
Desta forma, temos um exemplo da bolsa família, que poderia ajudar a classe de desprivilegiados a não repetir o que seus pais são, mas sim de criar uma nova vida. Uma nova condição. Mas tais iniciativas são muito criticadas por esta classe média hipócrita, que é alienada e nem sabe que está sendo na verdade manipulada por uma fatia tão pequena de 1%, que está implicitamente defendendo interesses desta classe abonada achando que está defendendo seu interesse (esta classe média imita e tenta ser igual a classe privilegiada-1%). O que está por trás disso é o medo de perder a sua condição de superioridade e para manter essa posição tem que não permitir que quem está abaixo de si posso progredir. Isto caracteriza uma ameaça.
Traçando aqui um paralelo, não tratado no livro, mas de outro estudo feito pelo autor, que é muito interessante e mercê ser mencionado, é o estudo dos batalhadores brasileiros, que tem criado uma nova classe, diferente da antiga classe que se organizava em casa- a antiga classe proletária está acabando.
Havia 60 anos que não se tinha essa alteração importante, no fundo a ascensão social foi inserida com essa mudança, não foi a formação de uma classe média. A classe média é do privilégio de nascença como por exemplo no estudo: o filho chega na escola como vencedor. E será vencedor. Claro que também tem o mérito individual mas este mostra falácias – na verdade não há igualdade de condições / mas essa classe média é preparada para ser campeão.
Já na classe popular tem a importância da vontade política, que é rara. O interesse da maioria que não são a classe média, mas uma parcela dessa “ralé” que estava fora do mercado competitivo, o de trabalho pois o trabalhador tem que ter conhecimento incorporado senão tem que vender energia muscular (o que acontece com a empregada doméstica).
Esse conjunto de interesse político associado com a vontade política faz com que a “ralé” comece a entrar no mercado. Aumenta a entrada dos esquecidos no mercado de trabalho, o que isso tem a ver com uma valorização real do salário mínimo aliada a uma ideia de família mais integrada, real compreensão do neo pentecostal – há um racismo de classes-.
E nesse papel de inserção, de minimizar esse racismo de classes pela classe média, a igreja tem forte papel. A igreja traz ao pobre para um lugar de mais autoconfiança.
A alienação da classe média não é universal, em países europeus por exemplo, as classes que são do protagonismo político é a classe de trabalhadores.
A luta de classes acontece geralmente de forma silenciosa porque os recursos são escassos: carro, beleza, apartamento, ideal ou material e tem classe que monopolizam esta luta – o um por cento já cresce privilegiado, não há sequer competição entre eles. E essa classe de privilegiados tem que esconder esse processo como se não houvesse conflito: a demonização do estado serve para velar isso.
Dessa forma, percebe-se que esse pensamento que monta conflitos entre estado (inferno) e mercado (solução) é montado por uma elite que que mandar sem ter voto. Para legitimar a soberania popular que é a base de toda constituição, talha-se isso criando figuras que incorporam um teatro da política, cria instituições que incorporam interesse geral acima dos partidos (antes era o chefe de estado- os militares) mas para não ser golpe uma parte da imprensa acredita que ele é o bem e se monta isso: insere figuras que representariam o bem acima dos partidos e assim a tolice está aqui, pois esses interesses são partidários.
Cabe-nos perceber que o que garante o poder é o discurso. O discurso de hoje demoniza o estado, monta-se a ideia de que o mercado é a força ativa- a narrativa é importante. E para não cairmos nessa tolice da inteligência brasileira, devemos ser instigados a pensar e a lutar para que uma nova classe apareça em busca de um bem estar social.
REFERÊNCIAS
SOUZA, Jessé. A Tolice da inteligência Brasileira: ou como o país se deixa manipular pela elite. 2015. São Paulo:Leya, 2015
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